sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ergo uma rosa




Hà um tempo atràs, quando escrevi sobre a cegueira e mais tarde sobre a coincidência da ida de Saramago, a Carol acabou por comentar, com seu jeito peculiar, sobre o poema "Ergo uma rosa", coreografado, musicado e registrado. E como se não bastasse pediu para que eu não deixasse de comentà-lo.

E desde o dia que li o comentàrio da Carol tenho visto e revisto tanto este video que é capaz de o video aparecer nos mais vistos do youtube so por minha causa. Pensei muito sobre ele num todo, a fala de Saramago em português, o corpo de Maria Pagés em movimento sobre o poema falado e depois sobre o musicado em espanhol. Tentei escrever sobre, mas não consegui. Então busquei um caminho pelas palavras de Saramago, deixei o video de lado. Tentei perceber além do que somente o gesto de "erguer uma rosa". E muito me emocionei, mas sem saber o porquê.

Para quem não é escritor, as palavras são um meio de colocar os pés no chão. Quando eu escrevo eu transformo, em parte, o meu mundo das idéias em mundo concreto, o que jà não é fàcil. Ainda mais quando resolvo escrever sobre arte. E agora, com essa missão de escrever sobre o video acima, ficou difícil concretizar meu sentimento a ponto de escrever sobre. A carga emocional é tão grande que para mim é impossivel racionalizar tal sentimento (e também não quero isso). Quero ficar com o que eu senti, esse sentimento bruto da qual atingiu diretamente o meu corpo e permaneceu là.

No documentàrio "Palavra Encantada", que fala sobre o poder da poesia na musica brasileira, Lirinha, do grupo Cordel do Fogo Encantado, fala sobre seu contato com a poesia feita de improviso. No nordeste é comum o repente, as palavras de improviso. E Lirinha diz que essa foi sua escola de arte, foi seu primeiro contato com o mundo da poesia e seu "primeiro momento de ficar impressionado com a vida que é um estado que ele pretende ficar permanentemente."

Achei lindo esse depoimento. Ficar impressionado com a vida é o meu objetivo de vida. Hoje posso dizer que o que me deixa permanentemente neste estado de latência é o meu grande amor, é a musica, é a minha cidade e a dança. E agora acrescento essa obra de arte, Saramago e Maria Pagés, um momento de ficar impressionado com a vida.

4 comentários:

  1. Obrigado aos dois por me apresentarem e traduzirem tudo sobre esse video, pq eu sozinho não conseguiria!!
    Ergo ainda mais a minha admiração pelos artitas que vocês são!!

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  2. Gui, eu também não tenho como escrever nada além do que já tinha colocado no comentário do outro post. Cada vez ue eu vejo esse vídeo eu só sinto. E cada vez mais. E sabia que foi muito bom ter compartilhado contigo? Ahhhhh qe fazer arte contigo e com a Cacá!!!!

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  3. Tio Gui falou tudo.
    Pessoas de alma, o mundo precisa mais de gente assim.

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  4. mon amour... difícil mesmo concretizar tudo aquilo que nos deixa impressionado. arrisco minhas chances com palavras pouco justas, ora com uma bela música, uma dança, uma legítima lágrima e às vezes aposto na força acertada de uma foto. tradução ao que sinto talvez seja a mistura de todas minhas incompletas tentativas fundidas ao filtro daquilo que te toca. "Impressionada com a vida: é o estado que pretendo ficar permanentemente" - contigo.

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