terça-feira, 21 de julho de 2009

Música e registro

Quando escrevi o tópico "Registro da dança", quase que simultaneamente fui também obrigado a pensar no registro da música, talvez pela ligação que existe entre elas, mas não só por isso. Já havia navegado pelo Youtube muitas vezes para escutar músicas que eu não tinha no meu computador. Em algumas músicas para piano, a imagem era a da própria partitura. Ao escutar a música e acompanhá-la pelo seu registro passamos a absorvê-la com uma intensidade diferente, pois não estamos usando somente o sentido da audição, como é comum. Isso também me fez pensar sobre o registro dessa música.






A partitura foi por muito tempo, e ainda é, a forma de registro mais popular da música. No século XVIII não existia gravador, nem disco, nem cd; a forma de se reproduzir as músicas era através das transcrições das partituras, ou seja, "ah, queria tanto escutar uma música nova do beethoven..." o cara ia lá na banca, comprava a última partitura do Beethoven, voltava pra casa e tentava tocar, ou pedia para alguém tocar. Dessa maneira o valor que se dava para cada peça era muito maior.

Mas como é que esses compositores conseguiam registrar, tornar objetivo, palpável, uma música com tanto sentimento? É legal notar na partitura do Noturno de Chopin algumas palavras escritas entre um pentagrama e outro, são as palavras de dinâmica, talvez uma forma de mostrar o que o compositor queria expressar com cada trecho. É como se o Chopin dissesse: "toca isso aqui mais baixinho, mais calmo,.. agora cresce, com mais paixão, com raiva..!!" É a poesia da música...

A internet permite conhecer coisas muito interessantes, e outras nem tanto. Mas consegui achar outros tipos de registros de música, seriam esses os substitutos das antigas partituras?

Olha que legal esse registro da Claire de Lune. São retângulos musicais.. As alturas dos retângulos são as alturas das notas (grave e agudo) , o comprimento é a duração das notas. Esse registro tem o mesmo princípio da caixa de música. É como se tivesse uma linha no meio da tela (do vídeo), e tudo o que passar alí será executado. Muito interessante...



Claro que quanto mais louca a música, mais louco será o seu registro. Para a música Artikulation de Ligeti, Rainer Wehinger criou um registro visual e que deixa a música muito mais interessante e imprevisível. A música é composta com sons não convencionais, provavelmente de instrumentos não convencionais, não são notas de uma escala musical, portanto teria de se criar um tipo de registro próprio.



E tem também o registro da música para quem não tem paciência em ficar estudando as notas da partitura. É a partitura de preguiçoso. Para quem quer aprender a tocar com rapidez.

O valor que a pessoa dará à obra, ou o sentimento que terá ao tocar uma peça poderá ser duvidoso. Aí já não me arrisco a falar.

5 comentários:

  1. mt bom! texto genial Guilherme Rocha :) Parabéns

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  2. Muito bom mesmo! É como uma nova língua... eu que sempre tive dificuldade com partituras, vejo como uma outra alternativa, que beleza! Além de ser visualmente belíssimo, tira um pouco da dureza que as partituras comuns têm. Moderninha! hahaha
    Registros variados me fascinam... quer seja d dança, de música, de instantes... enfim...
    muito bonito!






    e você também! ,)

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  3. só pra corroborar:
    o amor é importante, porra!

    Amo-te!

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  4. Falando em música... esqueci de comentar contigo ontem, mas já ouvisse essa menina? http://www.youtube.com/watch?v=FhYlBummLMg&feature=related

    Estou encantada pela música dela.

    Beijo e abraços

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  5. Apreciei com especial deleite os varios registros da música, assunto que mexe comigo pois também estudei piano por 10 anos. Assim, meu querido amigo músico-escritor-dançarino, deixo aqui uma pergunta, não achas que há outras formas de registros musicais, como as gravações p.ex... e o que dizer do registro de músicas folclóricas como as cantorias de terno de reis, que não são escritas em partituras e no entanto são preservadas e transmitidas de geração a geração por mais de um século?
    Pense meu caro amigo...essas divagações são muito salutares... me agradam..
    Beijosssss
    Clarisse

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